É na solidão que o homem se encontra, no seu belo isolamento. Na sala o frio se espalha, as imagens refletem sua vida. A porta aberta não dá conta de esquentar seu corpo. Lá fora ultrapassa os vinte graus. A tempestade vem aí, no noticiário não se fala em outra coisa. Tão completamente calado e seu corpo remexe impaciente. Trança suas pernas num passo falso. Barganha os sons. Vende sorrisos. Observa as suas mãos. Enche seu coração e lava a alma num gesto ritmado, eterno e novamente perde-se na beleza. Cantarola alto Eu te amo “Como, se na desordem do armário embutido/Meu paletó enlaça o teu vestido/E o meu sapato inda pisa no teu” numa esperança de que os vizinhos ouçam. Para que a moça do andar de cima com seu salto alto possa entender, ou, tome consciência. Não sabe. Não está na hora. São as pessoas que andam, ele continua ali, só. Reconhecendo seu espaço. Nada além. Seu olhar atravessa a sala. O que pode levar em baixo dos braços são seus livros e aquele gato aninhado na coberta em cima da caixa. Nada a mais. Seu olhar atravessa à estante. Palavras. Nomes. Fotografias. Recordações. Florbela sempre foi sua melhor companheira. Hoje a mulher é outra. Mas os versos endoidecem seu coração, “... são como sedas pálidas a arder...” é Florbela Espanca que faz seu corpo estremecer.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
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