terça-feira, 8 de junho de 2010

A imensidão que ela se propôs

Partiu? Não. Alice ainda está aqui no frio de outro país, noutra elevação. Saudade mutua. Abraço apertado, olhos emaranhados, brilhando. E começou a falar calando tudo ao seu redor. Esquentando a noite. Esfriando os dias. Acalmando os corações. Lendo brasileiros, escrevendo em outra língua, pensando em sinais abstratos. Sentimentos revelados.

Respirando profundamente. Caminhou pelos ares. Andares solitários, comunhão de bens, sentimentos e raciocínios. Ela está ali, parada observando o luar, o vento que corta o seu rosto de bailarina. Como quem precisa de uma música para dançar, cantou. Dançou, recitou e saiu. Os passos lentos e leves. Disse: “Até mais!” Ela vai voltar. Com uma bolota vermelha no nariz, fazendo sorrir os que ainda têm narizes de batatinha, os que já cresceram e os que vivem há muito mais tempo que todos nós. Fantasiando a vida, renovando ela, redecorando os poetas, seus escritos; subindo no palco e nas calçadas mais uma vez.

Imersa em outro mundo para buscar o seu, ou numa tentativa de resgatar o seu próprio mundo? Alice em constante combustão, em inconstâncias revoluções com o seu mundo. “Curta é a vida, longa é a paixão”, releu Luís Fernando Verissimo. Saiu para suas intervenções diárias. Atriz, poeta e sensível como a vida propôs outras circunstâncias para os dias gelados. Abraço apertado e demorado, beijos apaixonados e a saudade se esvaem em segundos; e volta a bater daqueles outros que ficaram naquela cidade sinuosa.

As canções propõem uma imensidão de ideias, e para ela outras tantas formas de fazer sorrir o mundo deles. Alice curte mesmo as crianças, seu narizes, em alguns em forma de bolotas vermelhas, em outros narizes de batatinhas. São eles que transformam um dia gelado numa imensidão de alegria em outro lugar do mundo. Outro mundo, bem mais fascinante, e ela sorriu; e bem mais fantasioso, e o olho dela falou; bem mais sensível.

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